Reabertura do corredor aéreo europeu-americano abre janela de esperança para o transporte aéreo

Reabertura do corredor aéreo europeu-americano abre janela de esperança para o transporte aéreo

Dados publicados a nível mundial pelo Concelho Internacional dos Aeroportos (Airports Council International – ACI World), mostram que o impacto adverso e duradouro da crise da COVID-19 faz prever uma diminuição superior a 5,2 mil milhões de passageiros até ao final deste ano (2021), em comparação com a previsão efectuada antes da crise da COVID-19 para este mesmo ano.

Apesar das recentes notícias positivas de certos mercados reabrirem as suas fronteiras, espera-se que o tráfego global de passageiros em 2021 atinja apenas metade do que era em 2019, com um tráfego total para 2021 previsto de apenas 4,6 mil milhões, dos 9,2 mil milhões de passageiros registados há dois anos. O tráfego doméstico de passageiros continua a recuperar mais rapidamente do que o mercado internacional, esperando atingir mais de 3,1 mil milhões de passageiros até ao final do ano, um nível correspondente a 58,5% do que foi alcançado em 2019.

Em consequência da redução do tráfego, a ACI estima que os aeroportos mundiais deverão perder mais de 111 mil milhões de dólares em receitas este ano, mais 3 mil milhões do que o previsto na avaliação anterior efectuada em Julho de 2021. Embora os novos dados piorem o desempenho financeiro anual esperado dos aeroportos mundiais, especialmente para o quarto trimestre do ano, a ACI ainda espera que, mesmo assim, cada trimestre de 2021 mostre alguma melhoria em relação ao anterior. Em comparação com a previsão pré-COVID-19 para 2021, estima-se que o défice trimestral de receitas melhore de uma quebra de 69,9% no primeiro trimestre, para um declínio de 47,4% no quarto trimestre.

Entretanto, passados quase 20 meses, nesta segunda-feira (8 Novembro), reabriu o mercado aéreo internacional mais lucrativo do mundo, com acesso total permitido aos viajantes que pretendam voar entre os Estados Unidos e seus principais parceiros comerciais na Europa. É sem dúvida, desde a pandemia que deixou quase todo o sector aéreo em terra, o maior passo para sua recuperação, devido ao tamanho e à produtividade desse corredor aéreo, que é o mais movimentado do mundo. As principais companhias aéreas dos dois lados do Atlântico Norte esperam e desejam que a procura acumulada gere de imediato, nos últimos dois meses do ano, o extraordinário volume de negócios alcançado em Novembro e Dezembro de 2019, quando auferiram receitas de cerca de 2.800 milhões de dólares (2.417 milhões de euros), de acordo com os números disponibilizados pela OAG (o maior fornecedor de dados de transporte aéreo a nível global).

No entanto, será que esta previsão se mostra possível de concretizar? Segundo os especialistas, tudo irá depender da capacidade aérea programada.

Outra questão importante é quanto desta receita resulta de novas aquisições, ou corresponde simplesmente à utilização de vouchers de viagens que foram armazenados electronicamente enquanto se aguardava a reabertura do mercado. Apenas as companhias aéreas terão uma ideia do valor total deste tipo receita, mas como muitas companhias aéreas estão a oferecer pagamentos em dinheiro como último recurso, será interessante ver quanto “em receita real efectiva” será efectivamente paga pelos voos que irão ser realizados em Dezembro.

Capacidade disponível, em sentido descendente

A capacidade global continua a cair semana após semana, apesar do optimismo em todo o mundo com a reabertura de mercados e as companhias aéreas a reabrir novamente as rotas que já ofereciam, ou aproveitam para lançar novos serviços. Esta semana, foram disponibilizados 75,4 milhões de lugares, representando uma redução de cerca de 2,5 milhões de assentos em relação à semana anterior e, de facto, segundo dados da OAG, as companhias aéreas eliminaram uma oferta de 6 milhões de assentos até ao final de Novembro. Algumas empresas podem ter simplesmente ajustado a produção planeada, mas o facto é que esses números representam 30% menos lugares do que há dois anos. Assim, neste momento, pode-se concluir que ainda há um caminho a percorrer para se chegar à recuperação.

Tanto na América do Norte, como na Europa Ocidental, registam-se quedas na capacidade de oferta que podem parecer um pouco estranhas no contexto da reabertura do mercado transatlântico. No entanto, muitas companhias aéreas tradicionais ou no âmbito dos seus grupos ou consórcios já tinham expandido a sua capacidade antes da abertura, e apenas o mercado do Reino Unido mostra, nesta semana, um crescimento significativo de aumento de capacidade com destino à América do Norte, impulsionado por voos comerciais da British Airways e Virgin Atlantic. Estas companhias aéreas decolaram os seus aviões nesta segunda-feira à mesma hora, e em simultâneo, nas pistas do aeroporto de Heathrow, em Londres, simbolizando a abertura do mercado.

Nesta semana, a Europa permanece em quarto lugar no ranking de recuperação da capacidade global do transporte aéreo por região. A Ásia-Pacífico, onde a capacidade oferecida de assentos foi reduzida em 39,2% em comparação com 2019, constituiu uma quebra muito acentuada em termos mundiais. No Médio Oriente, a quebra foi de 38,1%; em África 31,2%, na América Latina 24,9% e na América do Norte 20,4%.

Em Setembro passado, o corredor do Atlântico Norte mostrou um desempenho inferior à capacidade total da Europa em relação aos níveis de 2019. Apresentou ainda um valor de 52,5% abaixo da capacidade de 2019 na semana de 27 de Setembro de 2021. A contagem de assentos no Atlântico Norte é, no entanto, maior do que o planeado há uma semana. Actualmente, espera-se que atinja 85% em Janeiro de 2022, de acordo com as projecções para o mercado europeu total.

09 Novembro 2021